Eduardo Ramos
Nesta segunda-feira, começa oficialmente a missão de avaliação do Geoparque Caçapava. Depois da Quarta Colônia, é a vez Caçapava do Sul receber representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para conhecer as belezas naturais, a culinária, os patrimônios históricos e culturais e a participação da comunidade no desenvolvimento do território. Agora, quem chega ao solo gaúcho para realizar a avaliação é o cientista ambiental Antonino Sanz Matencio, da Espanha, e o geólogo Mahito Watanabe, do Japão.
A comitiva do Geoparque Caçapava deve percorrer cerca de 200 quilômetros durante os três dias de visitas pelo município de mais de 3 mil quilômetros quadrados. De acordo com o secretário de Cultura e Turismo de Caçapava, Stener Camargo, os últimos meses foram de trabalho intenso da equipe que, além do poder público, tem a participação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade do Pampa (Unipampa).
– É um momento muito esperado porque, para que a visitação aconteça, uma série de outras questões precisaram ser atendidas, como o próprio envio do dossiê sobre o geoparque. Vamos visitar todo o território que vai desde a divisa com Lavras do Sul até próximo a Santana da Boa Vista.
Segundo a coordenadora do geoparque, Alizandra da Silva, a avaliação marca uma nova etapa do projeto que tem a possibilidade de ser reconhecido pela Unesco. Assim, Caçapava estaria no mapa mundial de geoparques:
– Temos um longo trabalho de muito comprometimento. Nosso patrimônio cultural e histórico é rico e destaca-se em muitos momentos da história do nosso estado. Salienta-se o período em que a cidade foi a segunda Capital Farroupilha. Dentre os atrativos que contam a história do município e do seu povo, há o Forte Dom Pedro II, o único forte militar existente no sul do Brasil. Estamos em meio há muita história que nos traz essa satisfação ímpar de nossas memórias. Acreditamos no potencial único do nosso território, e estamos muito felizes com a vinda dos avaliadores da Unesco.
Coletiva de imprensa
Na noite de domingo (6), representantes de Caçapava do Sul, assim como os avaliadores da Unesco participaram de uma coletiva de imprensa. Na oportunidade, os avaliadores compartilharam as primeiras impressões, além de explicar como uma certificação pode influenciar na comunidade que vive no território. Assista ao vídeo abaixo:
Geoparque Caçapava
Desde 2019, com a consolidação do projeto, Caçapava investe em turismo, artesanato e na valorização da história, cultura e memória. As riquezas geológicas, já que a cidade é conhecida como a Capital Gaúcha da Geodiversidade, é a principal aposta do projeto, visto que, para o reconhecimento pela Unesco, um dos principais critérios é a existência de um Patrimônio Geológico de Nível Internacional.
Foto: Nathália Schneider
Caçapava possui mais de 30 geossítios catalogados. A cidade, especialmente a região das Guaritas, apresenta sucessões de rochas sedimentares marinhas e continentais. Há, ainda, espécies vegetais raras e endêmicas do pampa, bioma que se estende pelo Rio Grande do Sul e por países como Uruguai e Argentina. A região também apresenta a maior biodiversidade de cactos da América Latina. Dos 62 tipos catalogados, 29 são encontrados em Caçapava. Além disso, as comunidades humanas, como indígenas, quilombolas e pecuaristas familiares, participam ativamente do projeto.
Para Stener, a geodiversidade de locais como as guaritas de Caçapava do Sul, formações rochosas em meio a vales que formam belas paisagens, promete encantar os avaliadores.
– As guaritas são consideradas a sétima maravilha do Rio Grande do Sul, então sabemos da importância que essas rochas têm. E mais do que as belezas naturais, as pessoas que fazem o geoparque são fundamentais. A gente tem um grupo bastante mobilizado com essa estratégia, com esse projeto – comemora.
Participação da comunidade
Para Alizandra da Silva, o projeto incentiva o envolvimento dos moradores do município a partir de iniciativas do poder público, da UFSM e da Unipampa, como oficinas de capacitação profissional. O objetivo é a promoção do desenvolvimento local e sustentável.
– Há anos as universidades e a prefeitura vem trabalhando no Geoparque Caçapava, inúmeros eventos e atividades estão acontecendo para o reconhecimento do nosso território como geoparque, a exemplo do Geodia, uma interação que populariza junto aos estudantes e comunidade assuntos importantes como pertencimento e preservação do patrimônio natural, cultura bem como a herança de gerações que aqui se formam, com interação dos mesmos na visitação dos geossítios e geomonumentos – ressalta.
E com a criação dos selos de apoiador, iniciativa parceira e geoproduto, que incentivam a participação de empresas, o Geoparque Caçapava já tem 79 empreendimentos que possuem os selos e movimentam a economia do município.
Conheça os avaliadores da Unesco
Antonino Sanz Matencio
Biólogo e especialista em Ciências Ambientais
Direção do Geoparque Mundial Unesco Sierra Norte de Sevilla
Integrante do Conselho da Rede Mundial de Geoparques (GGN)
Mahito Watanabe
Geólogo e paleontólogo
Cofundador da Rede de Geoparques do Japão
Integrante do Conselho da Rede Mundial de Geoparques (GGN)
Saiba quais locais devem ser visitados
Jardim da Geodiversidade Professor Maurício Ribeiro
Forte Dom Pedro II, no Centro Histórico de Caçapava do Sul
Chácara do Forte
Geossítio Caieiras
Empreendimento de azeite de oliva Don José
Geossítio Toca das Carretas (com vista para o geossítio Cerro da Angélica)
Geossítio Mirador Capão das Galinhas
Parque Municipal Natural da Pedra do Segredo (geossítio Serra do Segredo)
Casa de Cultura Juarez Teixeira
Geossítio Guaritas
Geossítio Minas do Camaquã
Fazenda e Novelaria Santa Marta
Mirador Guaritas